terça-feira, 26 de maio de 2009

pesadelos

Não sentia sono. E não via motivo especial nisso, o dia tinha acontecido como todos os outros dias.
Tinha feito sua oração noturna. Nunca tinha sido tão religiosa, mas por algum motivo, só conseguia dormir se rezasse um Pai Nosso.
Leu um capítulo de um livro, dois de outro, viu e reviu perfis alheios no orkut e nada.
E quando finalmente achou que tinha dormido, é acordada da maneira mais infantil possivel, com pesadelos.
Por que tinha sonhos desse tipo desde criança? E por que mesmo grandinha, eles ainda a assustavam tanto?
Vai saber...

- Doji

quinta-feira, 14 de maio de 2009

objeto.

Sabia que precisava fazer algo, mas não conseguia pensar. Caminhou pelos corredores da faculdade até que avistou uma grande porta, dando para um estacionamento aberto e algumas caçambas de lixo. Não sabia o que devia fazer, só que tinha muita beleza nos entulhos sob o sol.

A luz do meio-dia quase a cegando brilhava sobre uma lixeira em particular, carregada de pedaços de madeira e móveis destroçados.
Não se conteve, caminhou um pouco mais, curiosidade e uma sensação de estar acolhida, algo que lhe lembrava um lar. Parada, diante dos despedaços da sua universidade, viu uma mesinha, atarracada e de uma extrema simpatia quase rindo.
Hesitou por pura coerção social. Queria se jogar e abraçar a pequena mesa, sem defeitos aos seus olhos.

- Boa tarde! Quer ajuda? - uma voz estranha interrompia um raro momento de intimidade.
- Ah! Boa tarde.
- Quer que eu pegue alguma coisa pra você daí? - o guarda solicito.
- Ah, er, quero sim. Essa mesinha.
-Deixa eu ver...É, eles jogam umas coisas fora muito boas pra vocês, né? hahaha.
Sabia que os outros alunos costumavam pegar coisas no lixo para levar até o ateliê, a surpresa irracional.
E ele pegou a mesa, ofereceu levá-la até o ateliê.
Agradeceu, o pequeno objeto agora sem valor a seguindo rumo a um novo dia sem nada de especial.

por A.Aurea

terça-feira, 12 de maio de 2009

ALICE - E eles

O colegial nunca fora tão dificil. Alice sabe que na verdade, a trama social implícita nele é o que era o grande xis da questão. Questão essa que com certeza pra qualquer garota espeta de quase-13-anos seria mole de se resolver.

Não saberia dizer ao certo porque toda aquela pequena sociedade não hierarquizada precisava constantemente de uma tabulação. Solteira, namorando, peguete, piriguete. Era uma selva. E Alice, como sempre, perdida no meio.

As palavras nunca eram boas o suficientes. Se possível, sempre traduziam ao ouvinte sensações nunca experimentadas pelo locutor. Alice, sabendo da manha, se aproveitava para tirar casquinha das situações de todos os namorados que pretendia ter.

Como seria para aquele que senta lá na frente da aula de português, saber que Alice gostava dele? Praticamente uma paixão epopéia. A informação teria que atravessar toda a sala de aula, de bilhetinho a bilhetinho, na borracha da sorte ou até no cochicho de um sono.

Não. Nunca daria certo. Alice saberia que depois de tanta meia volta o que chegou até o menino foi exatamente o que Alice falou. E assim a festa fica chata. Melhor então pensar na gramática.



por robusti

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Você

É um daqueles que dá vontade
de ficar o dia todo embaixo da árvore
falando besteira.

É um daqueles que dá vontade
de ficar o dia todo cozinhando coisinhas
mesmo que saiam queimadas

É um daqueles que dá vontade
de ficar o dia todo jogando joguinhos
e fazendo nada

É um daqueles que dá vontade
de ficar o dia todo de mimimi
só porque tem paciência

É um daqueles que dá vontade
de ficar o dia todo implicando
e chateando porque é divertido

Estou num dia meloso.
Aproveite.



por Robusti

terça-feira, 5 de maio de 2009

hnm, vc gosta de escrever?

"não tem problema. só estou perguntando se vc gosta, não se vc escreve bem."


Na verdade eu nunca parei pra analizar o potencial de escritora que há em mim. Mas uma coisa eu tenho certeza: nunca me dei bem em redações na escola.
Nunca sabia por onde começar, tudo acabava virando uma grande redundância, uma encheção de linguiça que aos poucos perdia o fio da meada e quando parava pra analisar o texto, nada mais fazia sentido.
Por isso que sempre me identifiquei com fotologs e afins. Não requerem profundidade. Você coloca a foto, escreve meia dúzia de linhas sobre como foi o seu dia e pronto. Ninguém vai ler mesmo. Se alguem vier a comentar, será um: "que foto legal" ou um "uia.. que sexy!"
Perfil do orkut é letra de música. Twitter, graças aos deuses, só aceita até 140 caracteres.
Mas um blog... esse sim é o grande desafio. Não sei quantos mil caracteres, apenas letras, palavras, onde cada pessoa que visitar vai estar prestando atenção no que você escreveu, não se a pose valorizou o seu decote. Onde o quê importa é o seu cérebro (ou a falta dele) e não o seu rosto.

Onde se vê coração, e não cara.


- Doji

ALICE - to louca?

Alice estava nervosa. Roer unhas não era um esporte preferido mas no caso de não ter um pote de chocolate para devorar, como toda pré-adolescente, acabou ficando com as unhas mesmo. Além das unhas e depois da útima sessão de cinema, percebeu que a sua vida estava escrachada num filme. Meio que nem um recorte e cole do dever de história sobre a Idade Média. É, agora ela entendia como não era legal para os nobres e os servos serem facilmente definidos com verbetes da web.

E ela? Porque era uma mistura de personagens imbecis que só fazem é complicar a vida um de cada um? Alice realmente não sabia o que fazer. E então? Ligaria ou não no dia seguinte para ele? Alice não se sentia esperta. Sua espertesa agora, era tão profunda como de um pires.

Alice sempre foi uma menina decidida e racional com suas coisas, independente das coisas serem os garotos. Ela queria poder resolver seus problemas emocionais tão bem como suas questões de matemática. Ela estava falando do casal amigo da escola, mas se deu conta que o filme que estava falando do casal que na verdade estava falando dela e de seus pensamentos. Alice se sentia idiota. E, saber que a negação da verdade implica em fazer besteiras não era o suficiente. Sabendo disso, ela com certeza iria mandar aquela mensagem de texto fofa para o ex-namorado.

Coisa pior que parar de falar com o seu ex-namorado é mandar uma mensagem de texto sem nexo para ele. Principalmente quando ela estava pensando no outro garoto da vez. Quer solucionar o seu futuro? Recorra ao passado e surte. Essa era a dica da vez. De merda, por assim dizer. Alice sempre foi confidente e conselheira das amigas, principalmente daquelas que repetiam a lenga-lenga para elas mesmas. "Não faça isso, sua burra", aconselhava.

E agora? Perdida, idiota e com uma mensagem de texto enviada para o garoto errado Alice se sentida mais confusa do que abóbora. A abóbora nunca vai saber o porquê de ter vindo ao mundo. Se é doce, salgado ou se é para dar medo em criancinhas. E quase que abóbora ela mesma, Alice não conseguiu ter nenhuma idéia genial, daquelas que se inventam as dobradiças ou de colocar sal no chocolate derretido.



por Robusti