terça-feira, 12 de maio de 2009

ALICE - E eles

O colegial nunca fora tão dificil. Alice sabe que na verdade, a trama social implícita nele é o que era o grande xis da questão. Questão essa que com certeza pra qualquer garota espeta de quase-13-anos seria mole de se resolver.

Não saberia dizer ao certo porque toda aquela pequena sociedade não hierarquizada precisava constantemente de uma tabulação. Solteira, namorando, peguete, piriguete. Era uma selva. E Alice, como sempre, perdida no meio.

As palavras nunca eram boas o suficientes. Se possível, sempre traduziam ao ouvinte sensações nunca experimentadas pelo locutor. Alice, sabendo da manha, se aproveitava para tirar casquinha das situações de todos os namorados que pretendia ter.

Como seria para aquele que senta lá na frente da aula de português, saber que Alice gostava dele? Praticamente uma paixão epopéia. A informação teria que atravessar toda a sala de aula, de bilhetinho a bilhetinho, na borracha da sorte ou até no cochicho de um sono.

Não. Nunca daria certo. Alice saberia que depois de tanta meia volta o que chegou até o menino foi exatamente o que Alice falou. E assim a festa fica chata. Melhor então pensar na gramática.



por robusti

Um comentário:

A.Aurea disse...

bá, excelente texto. Bem doce.