domingo, 1 de fevereiro de 2009

Henrique

Henrique desligou o telefone. Ele não se sentia bem. Não sabia, ao certo, o que era que incomodava. Cansaço, dor de cabeça, enjôo. Tudo era chato. Henrique sabia que muito daquilo tudo poderia ser mais uma ridícula tentativa de tentar se ocupar consigo mesmo e que não daria certo. Pedro estava na sala, lendo revista de mulher. Não tinha nem idéia do que se passava na cabeça de Henrique. Pedro, na verdade, não tinha muito porque pensar nisso e virou mais uma página. 

O calor abafava, o ventilador não funcionava e tudo tinha algum motivo para incomodar. Por mais que houvesse coisas novas em sua vida, olhe o Pedro lá na sala, Henrique perdia seu foco para fora do mundo e concentrava-se a oscilação da intensidade da luz do seu quarto quando alguém estava tomando banho. E como isso o incomodava. Tudo lhe dava dores de cabeça. 

A felicidade já não mais se encontrava ali. Pedro que era um cara legal, o divertia e o fazia sorrir quando estava por perto. Eles se gostavam. Mesmo assim Henrique tinha que procurar catalogar como e onde todas as coisas do mundo o incomodavam. A animação de Pedro até empolgava Henrique, que com desgosto o descrevia como um novo necessário. Ele sabia que não era feliz, mas não se achava triste. Era quase que impossível estar deprimido. Essas coisas só acontecem com os ricos, já dizia a revista de mulher. Então, perdido no mundo, Henrique continuava a se entediar.

Pedro vira mais outra página e o saco plástico fazia um barulho terrível por causa do ventilador do quarto. Henrique sabia que a culpa não era do saco mas mesmo assim o jogou fora. O enjôo aumentara e ter que levantar da cama para pegar o saco lhe mostrou que estava tonto. Pedro virou mais outra página e Henrique... Ele estava virando uma dona-de-casa. 


(continua?)


por Robusti

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